sexta-feira, 6 de junho de 2008

Aos 82 anos, segues bela, elegante e desejável...

Lendo o El País , vi o seguinte parágrafo:

"Acabas de cumplir 82 años. Has encogido seis
centímetros, no pesas más de 45 kilos y sigues siendo bella, elegante y deseable. Hace 58 años que vivimos juntos y te amo más que nunca". Así comienza la maravillosa carta en forma de libro que el filósofo y periodista André Gorz escribe a su mujer, Dorine, pocos meses antes de que los dos apareciesen muertos en su casita de Vosnon, en Francia. No hubo dudas de que se trató de un suicidio compartido: ante la enfermedad terminal y los sufrimientos de ella, decidieron poner punto final a sus vidas.

Num mundo “líquido” como o nosso, surpreendi-me com a matéria. Explico-me. Zygmunt Bauman tem falado sobre o medo das pessoas, na sociedade pós-moderna, chamada por ele de “líquida”, de estabelecerem relações duradouras. Os laços afetivos têm cada vez mais dependido de uma conta de custo-benefício, como se fosse um produto de consumo rápido. Nesse contexto, ele fala que os laços de solidariedade parecem depender dos benefícios que geram; o amor ao próximo, um dos fundamentos da vida civilizada, aparece, portanto, distorcido e desvalorizado. Interpreta a sociedade atual como uma sociedade de mercado, onde tudo é consumível e, quem não adere à onda é incompreendido, considerado conservador, não aceito. Assim, o cool é quem está experimentando relações novas, sensações novas, conectando-se e não se relacionando realmente.

Bueno, ao ler o romântico e quase Shakespeareano relato sobre André Gorz, a esperança pousou em minha casa. Não o inseto do conto de Clarice Lispector, mas a outra, aquela que nos enche de expectativa de que amanhã pode ser melhor do que hoje. É... Amanhã será melhor que hoje. Ainda existem alguns André Gorz entre nosotros...
E que este descanse em paz. Ele merece.

http://br.youtube.com/watch?v=VaoOK1MyGNE&feature=related

Soneto da fidelidade (Vinicius de Moraes)

De tudo, meu amor serei atento
Antes,
e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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