sexta-feira, 16 de maio de 2008

Quando a gente fica em frente ao mar, a gente se sente melhor




Além de um grande reencontro com pessoas, a Galícia foi também um reencontro com o MAR. Quem viveu toda uma vida vendo as ondas irem e virem e passou um tempo sem essa visão é possível que compreenda a importância desse reencontro. Um reencontro que transcende o banho de mar em si ou o banho de sol, sim, pois no mundo de cá felizmente também tem um belo céu e sol na maior parte do ano, mesmo no inverno – es increíble, um frio de lascar (para nosotros) e um solzão. Bueno, voltando ao tema, a sensação é muito mais do que muitos possam imaginar. Não interessava tomar um banho de mar, muito menos no gelo que a água estava, nem esperava me reencontrar com a cerveja estupidamente gelada servida na beira da praia, ou com o caldinho de feijão, ou mesmo com nossa música a tocar nas semi-carroças que vendem cds piratas, descaradamente (embora, Ivete Sangalo surpreendemente estava a tocar num bar das proximidades). Mas a linha do horizonte, sem o mar, facilmente encontra um limite, algo que se interpõe à nossa frente, ora um prédio, ora uma árvore (desgraciadamente, cada vez mais rara de se encontrar), ora as nuances de uma estrada que não tarda a ensinuar outras construções. Enfim, sem o mar, a finitude está ali, a nos lembrar das nossas limitações. Diante dele, os nossos problemas são pequenitos, aconteça o que acontecer, as ondas seguirão seu curso. Não tive dúvidas, tirei os sapatos e num frio de uns 14 graus pus meus pés na areia a esperar. De repente, gelo e sal! e contraditoriamente a grande sensação de liberdade. E os pensamentos se transportaram a outros mares, num mundo sem fronteiras, quisera eu ser uma maratonista neste momento. Já viajei. É; os pensamentos se perdem mesmo naquela imensidão. Ou se acham.