domingo, 25 de maio de 2008

Futebol, paixão internacional

“Si tanto nos gusta el fútbol es por lo mucho que se parece a la vida o a la promesa de felicidad”.


Para um apaixonado por futebol, vir a Madrid e não ir ao Estádio Santiago Bernabéu é o mesmo que ir a Pernambuco e não ir à praia. Pois bem, não fui uma exceção. No meu primeiro mês aqui, estava lá, prostrada, inicialmente inerte, diante de um belíssimo e impressionante estádio de futebol. A começar, uma escada rolante para subir ou descer – tem uma parte abaixo do nível das ruas – os 45 metros de altura, tudo muito limpo, policiado e organizado, banheiro impecável, assento para todos que, de onde estiverem, têm uma excelente visão do gramado. Bebida alcoólica dentro do Estádio é absolutamente proibido (nem tudo é perfeito), embora isso naturalmente diminua bastante a violência num ambiente que conglomera mais de 87.000 pessoas, já tendo tido capacidade, no passado, para 125.000 espectadores – isto quando a lei não obrigava a ter assento para todos. Bem, de qualquer forma, os bares nos arredores do estádio animam a festa prévia. À hora, Real Madrid e Valência começam a jogar e eu, super orgulhosa pelas estrelas da terrinha de lá: Robinho, Júlio Batista, Marcelo... Aos poucos, os gols e as comemorações inflamadas. Ali, somos todos torcedores, espanhóis, brasileiros, colombianos, uruguaios, peruanos, equatorianos, argentinos, romenos, bolivianos, surafricanos, quase todos, Real Madrileños. 2x1 para o Valência, de virada, e eu lamentei meu pé frio de estréia em terras espanholas, mas assim mesmo valeu a pena. Poucas semanas depois, Real Madrid confirma a vitória do campeonato espanhol com 3 rodadas de antecedência. Gol!

Outro dia, li um artigo no El País que dizia, entre outras coisas: “¿El fútbol? Si tanto nos gusta el fútbol a los aficionados es por lo mucho que se parece a la vida o, mejor, a las promesas de felicidad que la vida podría sembrar sobre nuestra biografía y de una manera tan sencilla como la de pasar a una semifinal. Contemplar el partido ganado, presenciar la escena, hallarse sentado ante los 90 minutos o los 90 años, y disfrutar con los goles no sería otra cosa que saborear nuestro propio equipaje vivencial sometido, como las incidencias del encuentro, a las más azarosas y diversas circunstancias pero venciendo, al cabo, la dificultad. (…) Su equipo forma cuerpo con su aventura, los resultados puntean su felicidad o su tristeza, su decepción o su esperanza, y con una ventaja incomparable: cada temporada aparece como otra inauguración saneada, el viaje reiniciado desde cero para volver a probar.”

Como seria bom que todos, como no fútbol, tivéssemos uma segunda oportunidade. Muitos crêem que sim, eu duvido um pouco. Quase sempre, a oportunidade perdida é uma oportunidade perdida. Resta-nos, todavia, como nas partidas de futebol, a tão propagada esperança. Ah, esta sim, sobrevive. Mesmo depois.