quarta-feira, 2 de julho de 2008

O tesouro

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Em algum momento de 2007, no Mundo de lá, quando eu ainda estava na ativa, trabalhando com marketing, estávamos todos ao redor de uma grande mesa, numa agência de comunicação no Recife, discutindo os melhores e piores momentos da semana referentes a alguns clientes, quando, de repente, um grito se sucede... Eu, que estava conduzindo a reunião, me espanto com tamanha eloqüência de uma das participantes: boa profissional, em crise existencial na carreira, diz de forma assustadora: “Vejam que lindo!” - Pensei: era momento para uma prensa; que nosense! No meio da reunião!

Outros colegas-chave, sócios da agência, por algum motivo que não me recordo agora, estavam ausentes neste dia...

A querida colega não desiste. Todos(as) correm pra janela. Diante do inevitável, e da ausência de algo mais interessante a dizer, também não me controlo, vou finalmente comprovar o motivo: um imenso arco-íris se forma à nossa frente, por trás das janelas de vidro transparente. Outros urros de admiração. Realmente, ele estava ali, indiscutivelmente lindo, a atrapalhar nossa reunião: “o” arco-íris. A essas alturas, o que poderia ser mais importante?! O que poderia ser mais criativo e inusitado, em plena reunião de pauta da sexta-feira, para meros mortais de uma agência de comunicação?!

Dizem que o arco-íris é prenúncio de boas novas, de um futuro colorido à frente. Me lembrei agora da tão famosa esperança. Em algum momento da reunião, filosofei timidamente: “haveremos de, um dia, encontrar o tesouro prometido no final do arco-íris”! Pouco tempo depois, descobri que o tal tesouro pode adquirir diferentes formas: um sorriso, uma simples boa notícia, e assim, nossa vida vai se enchendo de pequenos tesouros, de pequenos arco-íris, motivos de contemplação e felicidade, ainda mais espetaculares do que aquela visão! Ainda naquele momento, lembro que tirei uma foto pelo celular, e, após a reunião, enviei por email o registro do momento para os presentes. É verdade que o ocorrido foi muito rápido, talvez não tenha durado mais que dois minutos..., e logo após voltamos a nos concentrar no “importante”. Aquela cena, no entanto, não me saiu da cabeça.

Agora, de volta ao Mundo de lá, displicentemente observando o mar das minhas breves férias, presenciei outra cena admirável: outro arco-íris (ou seria o mesmo, que resolveu dar as caras nas minhas férias?!) - Pensei como estaríam todos exatamente neste momento... alguns já saíram da agência..., a querida funcionária, contempladora do arco-íris: hoje, mais carioca do que pernambucana, tenta se encontrar noutros mares (se não tiver mudado o repertório, continua cantando “Fogo”, de Capital Inicial)... Até eu, no Mundo de cá, provisoriamente no de Lá, em busca de novas cores e sons...

Faz tão pouco tempo...! O mundo dá muitas voltas, e essa frase agora não me parece deslocada, não me parece mero clichê. Tanta coisa já aconteceu... Mas o arco-íris permanece, brilhante, reluzente, e continua a nos encher de esperança sempre que aparece, seja no mundo de lá, ou no de cá; seja para cariocas, para pernambucanos, ou para espanhóis, não importa. Minha próxima procura na Espanha será por um arco-íris... Quando o encontrar, espero ter uma boa câmera nas mãos para registrá-lo. Por ora, fico com a imagem do Mundo de lá, mais precisamente da Pousada do Alto, em Japaratinga, Alagoas,... e que outros arco-íris sejam sempre bem-vindos, em todos “os mundos”. De preferência, no meu.