terça-feira, 31 de março de 2009

Recomendo no Cairo


Grande Bazar Khan al-Khalili

Grande Bazar Khan al-Khalili

Museu Egípcio


Entrada de Igreja no Casco Antíguo


Ruínas de Babilônia

Vista da Cidade dos Mortos (ver pirâmides ao fundo na foto abaixo)




Esfinge de Menfis


Ramsés II, em Menfis





Pirâmides



Faluca pelo Nilo


- Passeio pelo Nilo (de Cruzeiro ou se não puder, como eu não pude, um passeio rápido de faluca, veleiro típico do Egito).

- Pirâmides de Giza, especialmente a visita interna a Kéops.

- Cidade dos mortos: mescla incrível entre edificios de luxo, tumbas e casas. Onde se hospedavam os refugiados da zona do Canal de Suez durante as guerras.

- Antiga capital Menfis e templos de Ramsés II.

- Mesquita de Alabastro o de Mohamed Alí (rei de 1805 a 1848), em estilo otomano, e é igual às mesquitas de Estambul. A tumba dele se encontra na mesquita (o lutador de box americano adotou seu nome quando se converteu ao islamismo).

- Cairo antigo: Há resquícios da fortaleza romana chamada Babilônia, conquistada pelos árabes quando estes chegaram ao Egito em 640. Nesta área também há inúmeras igrejas, dentre elas, a Igreja de São Sergio (Abu Serga), dos séculos III e IV e foi construída onde a Sagrada família descansou em sua viagem ao Egito. Aliás, caso se tenha interesse, pode-se visitar o Cairo seguindo a rota da Sagrada Família que passou 6 meses no Egito, fugida de Herodes. Também é interessante visitar a Igreja de São Jorge, que está no local onde ele foi preso e torturado. Na verdade, São Jorge era um soldado romano que se converteu ao Cristianismo e por isto foi perseguido; a vitória sobre o dragão é um símbolo da vitória sobre o mal.

- Museu Egípcio: Múmias, Tesouro encontrado na tumba de Tutacamon, entre outros.

- Grande Bazar Khan al-Khalili: Mercado aberto onde se encontra de tudo. Para conseguir qualquer coisa, é necessário pechinchar, na maioria das vezes os preços são mais do que o dobro do preço real. Compras típicas: Cartuchos faraônicos com possibilidade de gravar nomes em hieróglifos, tapetes egípcios, tecidos, algodão e seda egípcia, chilabas (vestido típico), turbantes, tudo relacionado a dança do ventre (só permitida às egípcias depois do casamento), vidro pintado a mão mesclado com dourado, papiro (feito da folha de papiro, utilizado antigamente como papel artesanal e convertido em arte, pintado a mão), ouro e prata, shisha (típico fumo misturado com ervas).

- Gastronomia típica: Frutas do mediterrâneo e tropicais como manga e goiaba, Sucos naturais e coquetéis; Pão pita; Ful (habas); Falafel (croquetas de habas e verduras); Kochary (prato mesclado de arroz, pasta, lentilhas e salsa de cebola e tomate); Molukhya (sopa de verdura); Kebab (pincho de cordero a la brasa);
Kofta (carne moída de cordeiro); Shawarma (sanduíche de cordeiro ou frango assado, com verdura, pão de hot dog ou pão pita); Fatir (pizza egípcia, meio esquisita. Cheia de salsicha ou atum, ou um ingrediente doce, se enche de queijo, azeitona, tomate e se esquenta no forno); Muitos doces; Chá ou café turco.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Cantora egípcia



Oum Koulthoum, a cantora egípcia mais famosa de todos os tempos, falecida em 1975.

domingo, 29 de março de 2009

El Cairo - Parte II










Uma das melhores coisas do Cairo foi conhecer “Maria” (nome fictício), egípcia, 26 anos, cristã, graduada em história e pós-graduada em turismo, guia turístico. Apaixonou-se pelo meu filho de 6 anos, um doce de criatura (ambos), meiga, gentil, sonhadora, boa profissional; te explica tudo tim tim por tim tim sobre o Cairo e o Egito, em bom inglês, apesar do forte sotaque árabe. Com ela, aprendemos um pouco desde mitologia egípcia à vida cotidiana no Cairo. Espera, dentre outras coisas, um bom matrimônio cristão, o que é difícil numa população com 85% de muçulmanos. Surpreendi-me quando a convidei para vir a Madri e ela me disse que infelizmente ainda era solteira. Não compreendi de imediato, percebendo minha cara confusa me disse que não pode viajar sozinha solteira. Contudo, leva uma vida normal (e por que não seria?) de uma moça da sua idade, sai com amigas, vai a bares, festas, trabalha bastante nos fins de semana e feriados, mas quando entramos no detalhe do seu dia-a-dia, a religião é a tônica. Receia andar sozinha em certos lugares pois se sente ameaçada por alguns homens muçulmanos, tem amigos islâmicos, mas se incomoda com as freqüentes conversas religiosas na tentativa de fazê-la mudar de religião, e se sente um pouco oprimida. Quando falamos em português algumas palavras de origem árabe como "açúcar", por exemplo, fica feliz com as similaridades e se sente muito identificada com a nossa simpatia e informalidade. Respeita a religião islâmica, mas não deixa de olhar com ar sorridente quando passa uma mulher de burca com apenas os olhos de fora, e me diz com ar de cumplicidade: “- É que ela é tão bonita que não pode se mostrar. As consideradas mais bonitas são as que vivem mais tapadas”. As muçulmanas, algumas muito ocidentalizadas, vaidosas, maquiadas, não escondem o sorriso apesar do véu. Muitos casais de namorados islâmicos passeiam pelas ruas de mãos dadas sem vigilância paterna, meninas adolescentes ruidosas, crianças engraçadas, porém, se são mulheres, o véu muitas vezes diferencia o gosto pela moda e a classe social - alguns são lindíssimos e bem trabalhados. Na superficialidade, não vejo tantas diferenças. Mais de perto, é tudo muito diferente: o véu, as inúmeras orações diárias, a submissão feminina, a concepção de impureza quando estão menstruadas e com ela a proibição de lerem o Livro Sagrado nessa ocasião. Me senti a própria pagã quando pedi uma cerveja num bar e o rapaz me respondeu que não vendia e ainda me olhou incrédulo: - a senhora não vê que estamos do lado de duas mesquitas? Pedi desculpas pela pouca sensibilidade religiosa. Difícil para quem não compreende ou não está habituado aos rituais e não compactua com as mesmas crenças.
A questão da não mistura de religiões também é importante: muçulmano se casa com muçulmano, e cristão com cristão, e se o homem se interessa por uma mulher de outra religião, alguém (a mulher) tem que se converter, o que não é encarado de forma natural, para não dizer um absurdo com conseqüências duvidosamente perigosas. A virgindade e o divórcio são tabus para os cristãos ortodoxos, para os muçulmanos, no entanto, a virgindade, sim, é um tabu, mas o divórcio nem tanto desde que este seja de interesse masculino.
Voltando à “Maria”, na verdade, fiquei encantada em conhecer-la. Tem um jeito bonito, feliz de encarar a vida, não complica, e leva um ar sonhador realmente encantador. O que dizer mais a seu respeito? Lhe desejo tudo de bom, e se pudesse, lhe diria em português: “- A você, nova e já querida amiga, desejo um bom casamento; que sua vida seja um feliz conto das mil e uma noites, e que eu ainda possa contar a história desse matrimônio iniciando assim “-Era uma vez, no Cairo ...”

quinta-feira, 26 de março de 2009

El Cairo - Parte I








Estou craque em me meter na mala do meu marido, que vive viajando a trabalho, e aproveitar para fazer um pouco de turismo. Bueno, eu e meu filho perdemos alguns dias de aula, mas valeu muito a pena. Fomos todos ao Cairo, capital do Egito, e, como imaginava, foi impressionante. É uma loucura. Estamos acostumados com loucuras, não?!, Brasil também o é, uma mescla de tudo, vários mundos num só país. Mas ainda assim me impressionei. Uma cidade enorme, com mais de 17.000.000 de habitantes no Grande Cairo, de maioria muçulmana, 85%, da população, cuja moeda é a libra egípcia (para se ter uma idéia, um euro equivale a 7 libras egípcias), e o árabe, a língua oficial. Localizado a Nordeste da África, o Egito é o único país do mundo intercontinental, ou seja, também se estende até a Ásia, onde fica a tão conflituosa Faixa de Gaza, também pertencente ao Egito. Bem, voltando ao Cairo, dentre outras coisas, o tráfego é um caos. Muito mais do que vocês podem imaginar. A impressão é de que não há regras, há poucos semáforos, e as pessoas adotaram a buzina como uma sinfonia diária, que não dá tréguas. Por menos preservada que esteja a maior parte da cidade, um olhar mais atento percebe o quanto a arquitetura é bonita e única. Uma cidade construída em uma região que tem mais de 5.000 anos de existência, cheia de palácios, mesquitas, templos, igrejas, hotéis luxuosíssimos, e por outro lado, relíquias se deteriorando, prédios mal cuidados e não rebocados – a cor do cimento é predominante nas fachadas, a impressão é de que toda a cidade está em obras; depois descobrimos que se uma obra termina, obriga ao cidadão pagar mais impostos, assim, as obras estão definitivamente inacabadas, e assim permanecerão a princípio. A pobreza me parece pior do que nas grandes cidades brasileiras, e a desigualdade social parece ser mais acentuada também. Às vezes, a gente pensa que está na Idade Média. Quando entramos na "zona mais moderna", sobretudo a que fica mais à beira do Rio Nilo, percebemos uma cidade mais cosmopolita, com muito melhor serviço do que na Espanha (adoro o terceiro mundo). O Nilo é uma atração à parte. Impressionantemente um oásis no deserto. Em suas margens, vegetação verdejante, e pouco mais adiante (pouquíssimo adiante, na verdade), o deserto. As famosas pirâmides de Kéops, Kéfren y Miquerinos foram construídas muito perto da cidade (há mais de 100 pirâmides em todo o Egito), assim, dependendo de onde se esteja, pode-se ver o grande deserto de um lado, e do outro, um monte de prédios; coisas dos faraós que construíam as suas “moradas no Paraíso” próximo de onde viviam. As pessoas são uma atração à parte. Sem falar das burcas ou entrar mais a fundo no tema da religião, me senti em casa. O povo é muito simpático e acolhedor, mais informal, como somos nós brasileiros, muito gentis e sobretudo sorridentes (gente!, eles sorriem!, e muito!, coisa um pouco mais rara na Europa). Vale a pena. Cairo tem muitos encantos, e uma viagem dessas vai ficar nas nossas mentes por muito tempo.

terça-feira, 24 de março de 2009

El Cairo. Aguarde

Pessoas, estive off line esses dias. É que estava no Cairo e ainda estou sem fôlego, sem tempo, porém, inspiradíssima por aquilo tudo. Perdi uma semana de aula y tengo que me poner al día, enlouquecidamente. Amanhã contarei um pouco da minha aventura. Não agüento mais esperar para escrever. Aguarde.

domingo, 8 de março de 2009

Pedraza



















Uma das coisas boas de Madri é que, ao estar no centro da Espanha, tem ao seu redor várias cidades medievais lindíssimas. Toledo, Aranjuez, Chinchón, Segóvia, Ávila, La Granja, cada pequeño pueblo é um poço de história preservadíssima. Ainda não conheço todos, mas o fim de semana passado foi dedicado a conhecer Pedraza, uma vila pequena ao lado de Segóvia, a uma hora de Madrid, totalmente de pedra, como o nome sugere.

É antiguíssima, tudo indica que já havia ocupação celta no século IV a.C. Um local tão antigo e preservado transpira história. A ocupação romana na Idade Média é também relatada, bem como a muçulmana e posterior reconquista pelos reis católicos. Pelo que contam, era uma cidade de nobres. As igrejas de Santa María, de 1500, e a Románica de San Juan, com sua charmosíssima torre, estavam fechadas para visitação. A Vila recebeu há alguns anos os prêmios “C” de Turismo da Comunidade Autônoma de Castilla y León em 1993 e o Prêmio Europa Nostra em 1996.

Um dia é mais do que suficiente para conhecê-la. A maioria se hospeda em Segóvia, ou em Madri mesmo, e vai lá para passar o dia, embora haja vários alojamentos e pequenos hotéis tipo hospedarias na Vila – o de Santo Domingo, por exemplo, onde ficamos, é confortável, aconchegante e bem central. A gastronomia é saborosa, destacando-se o Cordeiro assado a lenha (simplesmente maravilhoso). Caminhar pela Vila (de tênis ou botas de salto baixo), entrar nas suas pequenas lojas, conhecer o El Castillo de Pedraza, La Plaza Mayor e mirar a paisagem é tudo de bom.

Nos dois primeiros sábados de julho, a vila celebra "la noche de las velas", uma noite em que se apagam as luzes do povoado e todos os habitantes e visitantes acendem velas. Dizem que é um espetáculo belo de se ver, e uma boa oportunidade de apreciar boa música, já que nas mesmas noites há um grande concerto.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Foi carnaval na Espanha

O carnaval no mundo de cá não passou em brancas nuvens. No sábado de Zé Pereira, havia algumas pessoas fantasiadas pela rua; soube que em Chueca, bairro madrileño que leva o nome do escritor, há uma rua que fecham e fazem algo a la espanhola, organizada por um grupo gay, e que ficou meio famoso, sendo reduto atual de todas as tribos. Não fui averigüar, lamentavelmente. O bairro é muito astral e interessante, cheio de gente bonita, bons bares e restaurantes (meio carinho, mas tá valendo).
Acabei improvisando algo aqui em casa mesmo para alguns vizinhos de pueblo. Foi divertido a seu modo. Tomamos muitas caipirinhas, dançamos frevo e samba, e até salsa, teve um pouco de tudo. E a minha grande surpresa, pedi a todos que viessem fantasiados e o fizeram em grande estilo. Já me perguntaram porque não faço outro no mesmo estilo para comemorar a entrada da primavera agora em março :).

Durante 40anos de domínio franquista, o carnaval foi proibido por aqui e pouco a pouco os espanhóis estão redescobrindo essa festividade internacional. Há havido alguns pontos de resistência. Dizem que Cádiz, ao sul Andaluz, pertinho da África, está entre os três maiores carnavais do mundo. Apenas os carnavais do Rio de Janeiro e de Trinidad (ilha da América Central, que junto com a de Tobago formam o país) parecem ultrapassá-lo - é que não conhecem o de Recife e de Salvador. Teve o seu início no século XVII. Veneza e Génova organizam até hoje celebrações carnavalescas anuais, muito chiques por sinal, e Cádiz decidiu adotar e engrandecer esta festa. Além da influência italiana, segundo contam, as tripulações de barcos espanhóis que viajavam para a América voltavam com numerosas influências musicais que ainda permanecem vivas atualmente. De qualquer forma, o carnaval atual é uma mistura de flamenco andaluz, ritmos africanos, samba e outros sons sul-americanos. Há também um espaço reservado na Praça da Catedral para atuações de grupos musicais espanhóis, inclusive de rock. Os carnavais espanhóis de Tenerife e de La Gran Canária também são famosos.

Apesar dessas novas referências, bateu aquela saudade. Assinamos Globo Sat e no melhor do Galo da Madrugada, a Globo Internacional interrompe a transmissão para passar Big Brother. Quase quebramos a tv de raiva. Segunda, terça e quarta de cinzas foram dias absolutamente normais, com aula e alguns compromissos meio chatinhos. É, fazer o qué?! Só nos contentando com os sites, que transmitem MAL, mas deixam aquele gostinho de quero VER mais. Maracatu, caboclinho, frevo, os espetáculos do Marco Zero, a brincadeira espontânea de Olinda, os tambores silenciosos, os frevos de bloco e suas marchas dos carnavais de antigamente, tudo isso que exalta Recife vai ter que esperar. Brincar mesmo, só no mundo de lá. Felizmente, tem todo ano. Este é o consolo.