"A comunidade dos justos é estrangeira na terra, ela viaja e vive de fé no exílio e na mortalidade" (Sérgio Buarque de Holanda).
sábado, 31 de janeiro de 2009
Mais uma da estrangeira
Quando justo estava comemorando a minha capacidade (tardia) de adaptação, uma infeliz de uma camarera - garçonete - acaba com toda minha auto-estima de estrangeira semi-adaptada, justo agora em que eu estava me sentindo uma "quase española". Ao lhe pedir uma sugestão de prato, ela me disse que só gostava de um deles de toda a Carta, portanto, não era a mais indicada a me sugerir nada (bem, despreparadinha, segundo registrou oportunamente o meu marido, mas, pelo menos, honesta). Isto não foi nada, o interessante foi que a gentil atendente disse que ia resolver o meu problema, e me chega com o mesmo cardápio escrito em INGLÊS. Opções: 1. ela achava que eu não tinha conseguido ler o cardápio em espanhol e por isto pedi a sugestão, 2. percebeu o meu sotaque obviamente não espanhol, 3. as duas primeiras opções são verdadeiras, 4. a figurinha era meio sem-noção. Bueno, como a maioria dos garçons daquí também não são nativos, a pobre moça no fim só quis me ajudar. Quase que pedia o prato em inglês mesmo, mas deixei pra lá. Despreparadinha, a coitada, mas gentil.... Fazer o quê? Justo depois de ONTEM, dia em que minha aula de espanhol foi absolutamente dedicada à interpretação de textos técnicos em marketing, o que me fizeram me sentir a expert no idioma...! É. Pra terminar, a gentil, mas despreparadinha moça, não deve ter entendido o pedido de um simples café... Até hoje...Um dia, quem sabe ele chega. Talvez na próxima ida ao excelente lugar, de garçons gentis (o que é raríssimo), mas despreparadinhos.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
El sosiego de espíritu
Existem alguns acontecimentos que representam o grande e tão falado ponto de inflexão, aquele momento ímpar, que sem ter nem pra qué, APARECE, surge e se impõe. O momento da descoberta, enfim. A percepção deste ponto de inflexão que seguramente você não sabe ainda do que se trata, foi motivada por um simples hecho – feito, resolvi mudar a imagem da área de trabalho do meu computador, aquela imagem que assim que a gente liga o micro, está lá. É verdade que alguns não têm imagem, só um colorido e tal, mas... você entendeu. Bem, voltando. Já há algum tempo eu estava meio cansada da linda paisagem de Maragogi ornamentando a primeira tela do micro. Antes de Maragogi, já foram parar ali fotos de Noronha, Boa Viagem, tartaruga, golfinho, filho na praia, etc. Só que, de volta ao meu Mundo de cá, resolvi mudar essa imagem e escolhi justo as “torres gêmeas” de Madri. Bem, decisão tomada displicentemente, sem drama. E aí está o grande ponto de inflexão que explicarei mais à frente. Paciência, please., afinal, você chegou a ler até aqui, não vai morrer na praia, né?
Bueno, primeiro, sobre a foto: esta foto foi tirada há alguns meses, saindo da rodoviária de Chamartín, quando presenciei com uns amigos um belíssimo pôr do sol “enfeitando” os imponentes prédios. Não titubeei, foto na certa. Lindíssimas, as “torres” de arquitetura pós-moderna, exuberantes, são agora a minha porta de entrada para o mundo navegável da Internet sempre que resolvo estar online. Ao vivo e a cores, os prédios destoam um pouco da paisagem madrileña, é verdade, onde as construções são baixas e de estilo antigo, em sua maioria. Sobretudo a parte mais turística de Madri, que lembra o Velho Mundo, com seus edifícios de estilos clássicos, góticos, neoclássicos, renacentistas, e assim vai. Bom, contextualizado o tema, agora vem o susto e o ponto de inflexão percebido, finalmente.
Ontem, ao ligar o computador, me assustei com a troca. Cadê o mar, o sol, o MEU mundo? Sim, Espanha também tem mar, e muito, porém, NÃO onde vivo, NÃO O MMMMEEEUUUU marzão, etc. Bem, me dei conta imediatamente de que estava com o computador certo, que aquela foto tinha sido escolhida por mim há menos de dois dias e que, sim!, a escolha foi consciente e, por que não dizer, feliz!
Durante meses: falando, pensando e utilizando ícones sempre brasileiros predominantemente pernambucanos, aquela mudança tinha que significar alguma coisa. Comecei a observar a minha linguagem quando respondo sobre a Espanha aos curiosos brasileiros, quando falo sobre a minha vida no Mundo de cá, o tom usado, o jeito, as roupas, enfim, percebi que estou mais light, mais tranqüila mesmo com o meu novo estilo de vida, quase um pouquinho espanhola, o que não nega EM NADA a minha brasilidade.
Me dei conta de que ENFIM estou adaptada, seja lá o que isto significa exatamente. Me sinto menos estrangeira do que antes, e mais disposta hoje a vivenciar experiências não mais como uma alienígena que aterrissou em Madri. Enfim, um pouco de PAZ. Ou, como o relato de Saramago, es cierto que busco obstinadamente el sosiego de espíritu y, por ahora, tal vez lo tenga encontrado. Bom saber.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Tá valendo a viagem
Avaliando o ano meio mal acabado, leia-se: o ano que mal acabou, ou o ano que acabou mal – a Faixa de Gaza e o Boi Não Sei das Quantas, da novela das oito brasileira, que o digam – não pude deixar de registrar a satisfação em ter criado este blog. Foi um dos acontecimentos marcantes pra mim. Voltar a escrever, familiarizar-me mais com a Internet (sempre fui meio off line), registrar alguns acontecimentos, fotos, músicas… tornar tudo isso público, enfim, me faz lembrar da minha adolescência quando mantinha um diário onde relatava o que se passava. Adorava ilustrá-lo, colá-lo, era o máximo, a minha terapia. Pois é, voltei no tempo, só que mais tecnológica. Me encanta compartilhar as minhas percepções da Espanha, que possui um passado interessantísimo, cidades belíssimas e uma cultura tão peculiar. Imagino que à medida em que eu vá me adaptando, me aprofunde mais em outros temas ainda ñ abordados aqui. As pretensões com o blog sempre foram “desabafar”, segundo Vinicius ou Ferreira Goulart, ñ sei bem, quando vc escreve, joga o sentimento pro outro, pronto!, se livra dele e ya está. Também passo a criar cumplicidade com outros que se identificam com o que relato, ou simplesmente querem saber como estou. Não o enquadraria portanto num blog turístico nem de longe - para conhecer Madri, sem dúvida, outros sao mais competentes e ricos, como Todo Madrid, ou Es Madrid no Madriz, etc. Por isto, que defino "Mundo de cá" como um diário de bordo, mais adequado. Agora, à minha mala, agreguei as experiências de uma estudante de doutorado da UCM, o que promete vir a ser bem interessante, espero! Bem, bem-vindo a bordo, 2009 promete e tá valendo a viagem.
domingo, 25 de janeiro de 2009
2008, o ano que terminou, e uma viagem
Se não fosse pela minha tão esperada ida ao Mundo de lá, leia-se Recife, o rito de passagem da virada do ano, que sempre me encantou, teria passado em brancas nuvens. Apesar das confraternizações na minha rápida passagem pelo Brasil, ficou a impressão de que tudo caminha como sempre, no seu ritmo próprio, e que nao temos mais razoes para acreditar que AGORA SIM tudo vai ser diferente. Meio óbvio.
Também fiz minha fezinha por lá: rompí de branco, pasé un vistazo no meu mapa astral e coisas assim. Ou seja, mesmo as emoçoes ainda estando meio congeladas pelo frio de Madri, nao escapei de preservar alguns rituais que esquentam o coração e encheram de promessas esta criatura que vos escreve.
Agora, de volta a Madri, só me resta nostalgicamente dar finalmente o meu adeus a 2008 e tentar recomeçar uma nova etapa. Para o ano que terminou, só posso desejar que não morra de melancolia e tristeza por nao fazer mais parte do nosso tempo. É, 2008, tudo passa!... não só você, acredite. Tudo passa.
Também fiz minha fezinha por lá: rompí de branco, pasé un vistazo no meu mapa astral e coisas assim. Ou seja, mesmo as emoçoes ainda estando meio congeladas pelo frio de Madri, nao escapei de preservar alguns rituais que esquentam o coração e encheram de promessas esta criatura que vos escreve.
Agora, de volta a Madri, só me resta nostalgicamente dar finalmente o meu adeus a 2008 e tentar recomeçar uma nova etapa. Para o ano que terminou, só posso desejar que não morra de melancolia e tristeza por nao fazer mais parte do nosso tempo. É, 2008, tudo passa!... não só você, acredite. Tudo passa.
Clichês bregas me emocionam
Clichês me emocionam, fazer o quê? Quem, em sendo brasileiro, nunca rompeu o ano ao som de “este ano, quero paz no meu coração…” Nao cheguei a ouvi-la neste fim de ano, mas inevitavelmente, a música bem que veio à mente. Devo confessar que ficou um vazio,então. Talvez por isto. Será?
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Perdão pelo silêncio. Acontece
Estive off line durante um tempo. Estou no Mundo de lá e um pouco melancólica. Bueno, amanhã volto a Madri e espero voltar com ganas para voltar a escrever. Perdona. Acontece.
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