"Mientras" estava eu aqui, meio muda e dispersa, perdida em meu labor diário de estudante “liada” : um avião cai na costa brasileira; um homem imigrante sem papéis perde um braço enquanto trabalhava clandestino para conseguir o pão de cada dia em Espanha; o pão vira corpo e o vinho, sangue, como ocorre habitualmente nas missas católicas, mas só em Corpus Christi o rito é reverenciado como merece; lamentavelmente, os “de esquerda” não vão às urnas e a ala mais conservadora toma conta do parlamento europeu, eleita por uma minoria direitista, mas atuante e mais comprometida com o ato de votar; ativistas saem às ruas, desnudos, montados em bicicletas para protestar contra a poluição e pedir mais vias alternativas para bicis, e estimular o uso de transporte público como meio de locomoção prioritário; o Barça dá outro show de bola em Roma e ganha o campeonato de maneira brilhante; o Real Madrid contrata Kaká (“o beato”, segundo a imprensa espanhola) e Cristiano Ronaldo (português, "a ovelha desgarrada"), por valores astronômicos, apesar da crise e de toda polêmica sobre o absurdo de tais cifras; Espanha ganha o primeiro jogo da Copa das Confederações em África do Sul, por 5x0 contra a Nova Zelândia; Nadal perde em Roland Garros; o verão chega “pra torar” em Madri, num calor de 38 graus; se aproximam as férias de verão e as crianças amargarão 3 meses sem aula, tempo absurdo para elas e para os pobres pais que não sabem o que fazer com tanta energia dentro de casa, sobretudo para os que trabalham fora; a lei de legalização do aborto é recorrente nos noticiários, só sendo páreo em polêmica para o tema do desemprego em Espanha, esta, atolada em crise como os pobres touros desnorteados na Plaza de Touros de Las Ventas e em outras tantas de Espanha ("se ficar, o homem pega, se correr, o homem come"). Isso é um pouco de Espanha nas últimas semanas. E eu aqui, espectadora dos noticiários, correndo desesperada atrás de boas notas... Volto ao meu mundinho de cá, tentando matar um leão por dia para não ser "suspendida". Cada um com sua cruz. E assim caminha a humanidade, individualista, centrada nos seus próprios problemas e desconectada com o que de fato é importante. Aproveito para plagear meu sobrinho, já filósofo aos 3 aninhos, que ilustra nossa comédia da vida privada: "beber, cair, levantar, madrinha".