quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

De Viena para o Mundo de lá
















Estive em Viena, uma cidade lindíssima. De avião, são 2h30 de Madri. Meu marido foi a trabalho e segui a tiracolo sem pestanejar. Cidade da música clássica, terra de Mozart (nasceu em outra cidade austríaca, mas viveu quase toda sua vida em Viena) e Strauss. Foi também onde Beethoven, Freud e tantos outros fizeram fama.

A população é extremamente acolhedora, pouco reativa, simpática e cosmopolita. Apesar de falar um dialeto alemão, o inglês é uma segunda língua muito BEM falada e ouvida pelas ruas. Todas as universidades são públicas e consideradas de excelente qualidade, atraindo inclusive muitos alemães (que privatizaram demais nos últimos tempos).

As guerras, no entanto, deixaram profundas marcas em seu povo e sua arquitetura. Como foi palco da primeira guerra mundial e ficou ao lado da Alemanha na segunda, possui relíquias seculares destroçadas que ainda levarão anos para serem restauradas por completo, sem falar nas conseqüências diretas econômicas, psicológicas e sociais. A Ópera, por exemplo, foi bombardeada pelos americanos que pensavam ser uma estação de trem. Nada comentam sobre a primeira guerra, já sobre a segunda, dizem que não sabiam dos verdadeiros planos de Hitler (a gente finge que acredita pra sair bem na foto). Um dos discursos históricos nazistas ocorreu no alto de um dos belíssimos edifícios do centro. Hoje, há uma praça dedicada aos judeus que foram vítimas da segunda grande guerra, com uma bandeira negra e um sepulcro de concreto no meio.

Viena tem um casco histórico lindíssimo, glamoroso e conservado, a parte mais antiga da cidade. Carruagens vendem percursos (40 euros o mais barato), há muitos quiosques pelas ruas vendendo vinho quente ou poncho, uma bebida a base de canela e vinho que lembra um pouco o conhaque – tomei vários, pois realmente tem o poder de esquentar. O rio Danúbio é uma atração à parte. Corta toda a cidade e é muito bonito de se ver. Ali, o Natal é comemorado em grande estilo. Músicas natalinas no melhor estilo clássico, feirinhas, linda iluminação, muita gente pelas ruas. Apesar disso, Viena é uma cidade muito pouco ruidosa, o que me faz estranhar muito. As pessoas falam baixo, o tráfico também é mais para o silencioso, e imagino que em época não festiva, seja um pouco monótona.

No Natal, as pessoas se soltam (numa comparação grosseira, é quase como o nosso carnaval vivido no interior das pequenas cidades). O veado é a mascote principal e as pessoas andam com chapéus com dois cornos, de forma muito natural e engraçada. Chapéus de papai Noel também são comuns ornamentando cabeças de turistas, principalmente europeus, e nativos. A cidade está repleta de feirinhas de Natal que são simplesmente maravilhosas. Comi todo tipo de lingüiça, cada uma mais deliciosa do que a outra, e muita mostarda. O frio (fazia perto de zero grau) ainda está ameno para padrões austríacos, no entanto, já incomoda bastante, principalmente quando o que há de mais interessante a ver está nas ruas do centro antigo, muito diverso e cheio de atrações.

Pela sua geografia, sofre atualmente mais influência econômica e social da migração do leste europeu do que Madri. Búlgaros, iugoslavos, etc. migram para ali em busca de melhores condições de sobrevivência. Quando saímos do centro histórico, lembramos claramente que ali há também muita pobreza. Os prédios “novos” da periferia não seguem o glamour clássico da cidade e necessitam de conservação.

No Belvedere, fui apreciar a exposição de Gustav Klimt e me encantei. É lamentável que hoje se faça tanta gravura replicando seus principais quadros, pois as cores, os traços, tudo é muito diferente do que vemos nos pratos, pôsteres, camisetas que ilustram suas obras mais famosas.

Bem, 5 a 7 dias bem vividos é o suficiente para conhecer os pontos turísticos principais da cidade e, apesar do frio dessa época do ano, vale muito a pena.

4 comentários:

Flavia disse...

Uau!!
Lindas fotos! A narraçao foi tao boa que deu até pra sentir meu nariz congelando por segundos...
risos... beijos. Flavia

(A estrangeira) Cristina Alcântara disse...

Gracias. Nos hablamos :)

Bia disse...

Suas fotos de Viena também estão liiindas!!! Me arrependi de não ter tomado esse quentão... mas não vi tanto assim por lá, talvez pela época em que fui. O Bradwurst (hot dog) eu comi um monte pelo fato de ter morado na Alemanha, lá tem bastante!!! É bom demais!!!

(A estrangeira) Cristina Alcântara disse...

Gracias. O quentão - nao sei o nome - vale a pena, esquenta até a alma. Esse... como se chama mesmo?! "Bradwurst" é maravilhoso mesmo. Besos,