domingo, 9 de outubro de 2011

A adaptação a um novo país



Quando se fala sobre a adaptação a um novo país, sobretudo quando se muda com a família, muitos são os fatores que pesam. Construir novas relações, criar novos hábitos, entender os códigos de conduta locais, adaptar-se a um novo estilo de vida e cultura, aprender a deslocar-se, enfim, tudo isso é importante para voltar a sentir-se emocionalmente cômodo no novo ambiente. No entanto, é indispensável que o lado prático da experiência também esteja resolvido para se ter uma rotina relativamente normal: documentos de permanência no país, plano de saúde, carro, telefone em casa, celular, conta em banco, reaprender a fazer supermercado, etc.

Antes de se viver uma experiência desse tipo, temos a impressão de que basta ter os meios financeiros para resolver essas coisas e pronto. No entanto, não é verdade. Não foi assim em Madri e não está sendo por aqui. Em Buenos Aires, estamos vivendo o seguinte... por partes:

- Carro - Devido ao limite de importações imposto pelo governo Kirchner só podemos comprar o carro que estiver disponível no momento no mercado. Ainda assim, um mínimo de um mês é necessário. Em raras ocasiões pode-se conseguir antes. Resultado, estamos a pé até que chegue o carro comprado (menos meu marido que tem um carro da empresa). Quando se está com a família, tendo que levar filho em escola, fazer supermercado e tudo o mais, é um transtorno. Alugamos um carro por um período, mas agora temos que ir nos virando com táxi ou remis (serviço similar), pois percebemos que é mais barato. Não podemos depender de transporte público, que é ruim como no Brasil, diferentemente do da Espanha, que é de excelente qualidade.

- Celular - tem que ser pré-pago até que eu tenha o DNI (RG) da Argentina (também é necessário o DNI para se abrir conta em banco). Quando mais preciso, termina o crédito - um estresse!

- Telefone em casa - há mais de um mês que pedimos e por algum motivo desconhecido ainda nao foi instalado. A Telefônica é ruim em qualquer lugar, também era horrível em Madri. Quando se tem filho pequeno, um telefone em casa é importante.

- Plano de saúde - temos um seguro internacional que funciona bem mediante reembolso. Ainda estamos decidindo, mas o mais provável é que a gente faça um plano de saúde por aqui que é o comum na classe média. Em Madri, utilizávamos o sistema público de saúde, que é excelente.

- Documentos de permanência - Tentamos por aqui para mim e meus dois filhos e conseguimos marcar a entrevista para fevereiro do próximo ano. O meu marido, que veio a trabalho, retirou o dele em um mês. Também é verdade que ñ priorizamos o tema. Em Madri também demorou. Enquanto isso, eu e os meninos estamos com visto de turista e temos que sair do país de 3 em 3 meses - boa desculpa para irmos ao Brasil agora em outubro.

Outras cositas:
- Deslocamento de carro - até se conhecer um pouco mais, só é possível com GPS. Mesmo assim, uma vizinha me comentou que só transitasse por locais mais movimentados porque é perigoso;

- Fazer compras no supermercado - as marcas são parecidas com as disponíveis no Brasil, no entanto, devido ao limite de importações predominam marcas locais. Também tenho que aprender os nomes dos cortes das carnes (por enquanto, tenho a sorte de estar com a minha sogra em casa, que se ocupa do tema). Sinceramente, atualmente creio que temos à disposição no Brasil produtos de melhor qualidade. Em Madrid, tudo é muito diferente, mas também é mais prático porque tudo é pensado imaginando-se que não se tem um empregado em casa à disposição.

- Assinatura de jornal - só se tiver um cartão de crédito local, que depende necessariamente de se ter uma conta corrente por aqui, que por sua vez depende de se ter o DNI argentino (RG). Em Madrid, é raríssimo que alguém assine jornal em casa (a explicação daria outro longo post).

Bom, a maioria dessas coisas ainda não solucionamos. Signfica dizer que até então vivemos alguns pequenos (e às vezes grandes) estresses diários. A recomendação é, mais uma vez, ter paciência e bom humor. Quando falta algum dos dois ou os dois, surge a tão famosa vontade de voltar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha linda, REALMENTE sei o que você e sua família estão passando na prática! Ameeeeeeeei seu blog, minha cara! Mas, pedir paciência é um DIREITO que você tem. Além do mais, num momento quando se tem dois filhos em idades tão diferentes. Sem a infra-estrutura necessária é de lascar em qualquer lugar... além do mais num país del sur com as características colonialistas como as nossas... Affi compartilho minha compaixão!
Beijos.
Greice

(A estrangeira) Cristina Alcântara disse...

Obrigada, Greice. Beijo