Durante o primeiro semestre, em virtude da fase de adaptação à Espanha, e, em especial, do nosso filho estar começando no colégio, viajamos muito pouco. No entanto, estamos aproveitando as férias de verão, quando Madri está bem mais deserta do que o habitual, para conhecermos um pouco os seus arredores. Assim, fomos a Soto Real (uma pequena cidade serrana aqui perto), Segóvia, e Palma de Mallorca, esta última, como já disse, fizemos o trajeto, de uma hora, de avião. Antes de falar de Palma, e mostrar suas lindas paisagens, vale ressaltar a importância das férias para os espanhóis, ou melhor, para os europeus, em geral.
No Brasil, é muito freqüente as pessoas venderem suas férias, gozá-las de pouquinho em pouquinho, ou simplesmente permanecerem trabalhando durante todo o ano. Creio que, neste aspecto, a relação dos espanhóis com o trabalho é mais saudável. Claro que a questão salarial pesa, uma vez que ganham melhor, podem se dar o luxo de saírem de férias e, sobretudo, de viajarem, já que tudo é tão perto. Mas creio que é mais que isso. É também cultural. Estivemos há 2 anos em Paris, nesta mesma época, e não era raro encontrar uma loja fechada com um aviso de que estavam de férias, informando quando voltariam a trabalhar. Outro fato é que, possivelmente em função da mão-de-obra brasileira ser bem mais barata, as lojas não fecham, se alguém sai de férias, outro funcionário pode ser contratado temporariamente. Aqui, salvo os grandes estabelecimentos comerciais, muitas lojas são geridas por grupos familiares, que saem de férias no mesmo período e, portanto, simplesmente não abrem suas portas. Enfim, pelas viagens que já fizemos, e pela experiência de outros amigos, não creio ser exagero dizer que a Europa pára um pouco durante o verão. Há os turistas, é verdade, e uma parcela da população que não viaja, sobretudo, a que vive do turismo, mas, mesmo no centro de Madri, se vê bem menos gente que o habitual.
Há também o fator clima. Agora está mais fresco, mas assim que voltei do Brasil, o termômetro facilmente marcava 40 graus, num clima super seco. As pessoas fogem desse calor, crêem que é mais fácil se protegerem do frio, já do calor, não tanto, sobretudo quando elegeram as calles (ruas) como seu grande point.
Definitivamente, é uma época que não recomendo vir a Madri, que fica muito menos interessante. Apesar das piscinas estarem abertas, do clima estar mais favorável para nosotros brasileños que estamos mais acostumados com o calor, do trânsito estar fluido, e estacionamentos, vazios (normalmente, um problema no dia-a-dia madrileño), assim mesmo, não vale a pena. Estamos dando um jeito de também nos ausentarmos da cidade sempre que possível.
Bem, quanto à Mallorca, aguardem o próximo post. Essa, vale super a pena! Especialmente, no verão.
3 comentários:
Uma amiga brasileira, que morava em Barcelona e dividia apartamento com uma mexicana da alta burguesia, comentou que, certa vez, a mãe da sua colega, em visita àquela cidade, reclamou deveras da eficiência dos espanhóis. A maior queixa era com relação a falta de supermercados 24 horas! É irônico a gente se dar conta do quanto nós, latino-americanos, somos mesmo cosmopolitas de cócoras. Adotamos como parâmetro o estilo de vida norte-americano e para nós até os europeus já passaram a ser considerados arcaicos, atrasados. Quando iremos nos dar conta do nosso próprio destino, da nossa tragédia particular e passaremos a seguir nosso caminho de forma original, de acordo com a nossa identidade, nossa cultura, nossa própria história? Não é nenhuma crítica a você, Cristina. É só uma observação, porque acho legal o fato de você estar observando essas diferenças e perceber que no fundo não é o fato de sermos "ineficientes" em certos aspectos o que nos faz subdesenvolvidos. A explicação é muito mais complexa do que as bobagens reproduzidas pelo senso comum, como, por exemplo, o de que o brasileiro é preguiçoso, que age com o coração e não com a cabeça, ou coisas do gênero. E o fato de você, que, além de graduada em administração, sempre trabalhou no setor privado, ter essa percepção me dá um alento de que nem tudo está perdido. O comentário ao post anterior, referente à ineficiência dos espanhóis, foi uma pequena provocação.
Não queria lhe decepcionar, mas às vezes sinto uma falta de um Shopping com Alameda de serviços, aberto até as 22h, onde podemos fazer tudo, inclusive nos domingos e feriados...! Hum! Bem... é a mais pura verdade...
Bobagem. Questão de hábito. Há pouco mais de 20 anos, a não ser os restaurantes, nada abria no Brasil aos domingos e todos sobreviviam.
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